quarta-feira, novembro 24, 2004

Sem objectivo

A rimar desafino
rimas sem destino
mero desabafo
nem a rimar me safo.

Barcos à deriva
nesta maré viva
Cabo da Boa Esperança
que ninguem alcança.

Bala perdida
por ninguém é sentida
falha por muito o alvo
acerta os cabelos de um calvo.

Uma história com reticências
um acto sem consequências
parece que falta algo
mas está tudo tão vago.

É este respirar sem viver
este existir que me faz sofrer
que me devia fazer querer morrer
mas só me dá vontade de escrever.

E se é preciso o bater do coração
para à tinta dar utilização,
então a morte que aguarde
e eu espero que muito tarde.

Comecei com filosofia
e com alguma nostalgia.
Uma mistura estranha
arde como lenha.

Este pensamento incendiado
não é de paixão
é sono adiado
que me faz entrar em combustão.

Estou na cama deitado
a escrever qual coitado.
Vou mas é dormir
a inspiração tá a fugir.

Acho que nunca a tive
ou então não a retive.
Problemas de contenção
na cerveja encontram agravação.

Sejam líquidos ou verbais
fluem muito mais.
Maravilhoso néctar de cevada
deixa a cabeça atordoada.

1 comentário:

Cíntia disse...

'Sejam líquidos ou verbais
fluem muito mais.
Maravilhoso néctar de cevada
deixa a cabeça atordoada.'

Tem um pedaço de poeta 'opiado'... brutal o toque ;) Cíntia