terça-feira, fevereiro 01, 2005

O próprio

Martirizo-me a pensar
Antecipando o que se vai passar
Recomeço a escrever
Curiosa é a inspiração
Oscilando de pouca a nenhuma

Finalizando o que estou a fazer
Iniciando por dedicação
Limitando-me a mais que uma
Igualando o inigualável
Perecendo ainda saudável
Esmorecendo com o dia

Vivendo em hipocrisia
Irritado com o amor
Espicaçado pela dor
Inspirado pela chuva
Ressequida a tinta pela ausência
Atordoado pela decadência

Revoltado vou dar uma curva
O meu estado melhora
Desconfio do motivo
Razões que a razão ignora
Ingrato por estar vivo
Grato pelo teu sorriso, qual
Uivo que corta a escuridão
Esse sorriso livra-me do mal
Sussuro-te algo por gratidão.

Fevereiro

Inicia-se o mês de Fevereiro,
novo mês, novo ciclo de dias.
Terminou o longo Janeiro,
ao tempo que não me vias.

A pausa foi demorada
a espera prolongada.
Não faltou inspiração,
apenas se atrasou a disposicão.

Estou de volta novamente
a desabafar tinta.
Já nem sei que sinta
anda tudo deprimente.

Escrevo mesmo sem saber
o que é que estou a fazer.
Perdi o que me era mais importante
ainda ficou mais distante.

Fiquei mesmo mal
afinal tu eras a tal
deixaste de confiar em mim
e agora foi o fim.

Não me hei de recompor
mas há-de acalmar a dor.
O tempo avança sem hesitação
quer queiramos quer não.

Só tem uma direcção
não dá pra andar em contra-mão.
Cabeça bem erguida
Sempre de frente para a vida.

Faróis acesos, radar ligado
não dá para ficar parado.
De volta à verdade
para trás, nem saudade.