terça-feira, março 22, 2005

No Comboio, a chegar à Amadora

A sair do Cacém
já eu estou no trem
a caminho da faculdade
a toda a velocidade.

Nesta rima rápida
e simpática
numa atitude apática
perante esta vida.

A passar na Reboleira
vendo o sol pela ombreira
da porta automática
observo uma criança simpática.

Um sorriso brilhante
melhora a minha disposição,
é muito cedo para a concentração
a poesia é fascinante.

Esta escrita inspirada
pela vida marcada.
Não escrevo por necessidade,
apenas sinto vontade.

Ao parar em Benfica
os meus olhos percorrem
o pessoal que fica
pois não são muitos que saem.

Próxima estação Sete Rios
embalado pelo comboio
procuro rima para -oio
nem encontro para -ios.

Nesta falha minha
chego ao fim da linha.
Preparo-me para sair,
saio a seguir.

segunda-feira, março 21, 2005

Dia Mundial da Poesia

Neste chuvoso dia
dedicado à poesia,
eu não poderia
fingir que me esquecia.

Permitam-me educá-los,
com estas estrofes sinceras
poder presenteá-los,
perdoem as rimas severas.

Cada vez há menos poesia
é só filosofia,
escrita sem sentido
a rimar tem aparecido.

Perdoem a minha idiossincrasia
mas isso não é poesia,
não vai muito tempo li uma colectânea
dizia ser poesia contemporânea.

Se para ser actual
se tem que escrever mal,
perdoem o meu gesto cómodo
deixem-me ser retrógrado.

Só mais um à parte
sobre esta bela arte,
sem qualquer ironia
ADORO POESIA.

terça-feira, fevereiro 01, 2005

O próprio

Martirizo-me a pensar
Antecipando o que se vai passar
Recomeço a escrever
Curiosa é a inspiração
Oscilando de pouca a nenhuma

Finalizando o que estou a fazer
Iniciando por dedicação
Limitando-me a mais que uma
Igualando o inigualável
Perecendo ainda saudável
Esmorecendo com o dia

Vivendo em hipocrisia
Irritado com o amor
Espicaçado pela dor
Inspirado pela chuva
Ressequida a tinta pela ausência
Atordoado pela decadência

Revoltado vou dar uma curva
O meu estado melhora
Desconfio do motivo
Razões que a razão ignora
Ingrato por estar vivo
Grato pelo teu sorriso, qual
Uivo que corta a escuridão
Esse sorriso livra-me do mal
Sussuro-te algo por gratidão.

Fevereiro

Inicia-se o mês de Fevereiro,
novo mês, novo ciclo de dias.
Terminou o longo Janeiro,
ao tempo que não me vias.

A pausa foi demorada
a espera prolongada.
Não faltou inspiração,
apenas se atrasou a disposicão.

Estou de volta novamente
a desabafar tinta.
Já nem sei que sinta
anda tudo deprimente.

Escrevo mesmo sem saber
o que é que estou a fazer.
Perdi o que me era mais importante
ainda ficou mais distante.

Fiquei mesmo mal
afinal tu eras a tal
deixaste de confiar em mim
e agora foi o fim.

Não me hei de recompor
mas há-de acalmar a dor.
O tempo avança sem hesitação
quer queiramos quer não.

Só tem uma direcção
não dá pra andar em contra-mão.
Cabeça bem erguida
Sempre de frente para a vida.

Faróis acesos, radar ligado
não dá para ficar parado.
De volta à verdade
para trás, nem saudade.

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Amanhecer

Num dégradé bonito de ver
de um vermelho intenso
a um azul muito denso,
assim é o amanhecer.

A lua vai descansar,
o Sol acaba de acordar
e com um brilho ascendente
ganha uma aura incandescente.

Cada raio atinge a terra
sem distinguir povos e nações,
raças ou religiões.
O Sol nasce para a paz e para a guerra.

Os ricos com tanto dinheiro
usam o mesmo candeeiro
que ilumina aquele que não come
e que passa fome.

Com esta bela luz
toda a vida reluz.
Aquece a face fria
a quem de noite tremia.

Mais! Além de iluminar
e aquecer todo o ar,
alcança algo mais fundo,
muito mais que o mar profundo.

Aquece a alma
trazendo uma certa calma,
produz um sorriso que reluz,
dizendo: "Que bela luz!"

Assim que os raios aquecem
e a noite desvanecem,
as pessoas fecham as pálpebras
perante o que a luz traz.

Um novo dia nasceu
a noite pereceu.
Parece um recomeço,
o passado esqueço.

E é aquele renascer
para um novo dia,
que quebra a monotonia
deste nosso viver.

Faz dois dias que amanheceu,
mais que só um, foram 365
dias, juntos no novo ano que nasceu.
Espero que seja um bom 2005.

Só tenho uma resolução
para este ano de renovação,
fazer de cada amanhecer
um novo renascer.

Não tentar melhorar no ano que nasceu,
mas a cada nova manhã.
Não começo amanhã,
comecei hoje quando amanheceu.